PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:

PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:
"NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NINGUÉM MAIS!".

sábado, 3 de março de 2012

AS BOAS-NOVAS: SOBRE YA'SHUA, CONTADAS POR: MARCOS

O EVANGELHO SEGUNDO

MARCOS



INTRODUÇÃO



Visão geral
Autor: João Marcos.
Propósito: Apresentar as boas-novas
de Yaohushua a um público essencialmente gentio por meio da narração do
testemunho dos discípulos a respeito dos fatos notáveis sobre a vida, a morte e
a ressurreição de O UNGIDO.
Data: 62-69 d.C., ou um pouco antes.
Verdades fundamentais:
Yaohushua era o aguardado Messias de
Israel.
Yaohushua se revelou de modo
especial aos seus doze discípulos.
Yaohushua demonstrou que era o Filho
divino de Yaohu.
Yaohushua resistiu ao reconhecimento
público para sofrer e morrer em favor do seu povo.
Yaohushua mostrou-se muito
interessado em estender a salvação aos gentios.
A expansão das boas-novas acerca de
Yaohushua exerce poder sobre o mal.


Propósito e características
O propósito principal de Marcos
era fornecer por escrito um testemunho dos doze apóstolos quanto aos fatos da
vida, morte e ressurreição de Yaohushua. Marcos considerava isso como a
essência do evangelho (1,1). Ele não planejou escrever uma biografia ou um
relato completo do ministério público de Yaohushua, mas simplificou o relato
histórico a uma estrutura mínima, dividida em três partes: (1) a inauguração do
ministério com João Batista, (2) o ministério público de Yaohushua na “Galiléia
dos gentios” (Mt 4,15) e regiões circunvizinhas, e (3) a jornada final em
direção a judeia dos judeus e a Jerusalém, para o sacrifício definitivo na
cruz.


MARCOS. Ordem e temas principais.
O segundo evangelho apresenta-se sob a forma de uma seqüência de narrativas
geralmente breves e sem conexões muito precisas. Seu quadro mais característico
é constituído por indicações geográficas. A atividade de Yaohushua decorre na
Galiléia (1,14) e arredores desta região, estendendo-se até as terras pagãs (7,24.31;
8,27). A seguir, passando pela Peréia e Jericó (cap. 10), Yaohushua sobe a
Jerusalém (11,1).
Este quadro não revela a disposição
interna do livro, dominado antes pelo desenvolvimento de alguns temas
fundamentais.


A. O Evangelho. Logo as
primeiras palavras, o livro declara o interesse atribuído ao “Evangelho de
Yaohushua O UNGIDO, Filho de Yaohu” (1,1), denominado também, pouco adiante,
“Evangelho de Yaohu” (1,14), ou “Evangelho” sem mais (1,15). Para Marcos, bem
como para Paulo, esta palavra designa a Boa Nova, destinada a todos os homens e
cuja aceitação define a fé Remanescente: por meio de Yaohushua, Yaohu
realizou suas promessas em favor deles (cf. 1,1, nota). Por isso, o Evangelho
deve ser proclamado a todas as nações (13,10; 14,9). Este empreendimento define
a atualidade à qual Marcos não receia adaptar certas palavras de Yaohushua:
desaparecido este, renunciar a si mesmo e tudo abandonar por ele é faze-lo em
prol do Evangelho (8,35 nota; 10,29). Porque a ação de Yaohu que se manifestou
pela vida, morte e ressurreição de Yaohushua, prolonga-se neste mundo por meio
da palavra confiada aos discípulos. Mais do que uma mensagem provinda de Yaohu
e referente a Yaohushua O UNGIDO, o Evangelho é esta ação divina em meio aos
homens. Eis o presente, a partir do qual Marcos se volta para o passado, a fim
de falar do seu “começo” (1,1) e para caracterizar, a esta luz, a existência Remanescente.


B. Yaohushua O UNGIDO, Filho
de Yaohu. As promessas divinas começaram a cumprir-se com a pregação de
João Batista, que abriu o caminho para Yaohushua de Nazaré (1,2-8). Este,
designado por Yaohu como seu Filho e vitorioso sobe Satanás no deserto,
inaugura a pregação do Evangelho na Galiléia (1,14-15). Daí por diante, começa
um verdadeiro drama, o da manifestação de O UNGIDO, Filho de Yaohu, em duas
fases distintas.
1. O poder do ensinamento e dos atos
de Yaohushua contra as forças do mal é reconhecido por um vasto público
(1,21-45; 3,7-10...). Mas o ser Yaohushua Filho de Yaohu é um fato que deve
manter-se secreto (1,25; 3,12). A oposição dos observantes da lei mosaica,
orgulhosos e impertinentes, manifesta-se (2-3,6) e chega a ponto de apresentar
Yaohushua como instrumento do príncipe dos demônios (3,22-30). Entretanto, os
discípulos distinguem-se nitidamente da multidão (4,10.33-34). E, entre eles, a
pergunta dos primeiros que aparecem: “Que é isto?” (1,27), reveza-se com esta
outra: “Quem é este?” (4,41). As respostas divergem (6,14-16; 8,27-28). E, não
obstante a sua profunda incompreensão da missão de Yaohushua (6,52; 8,14-21),
os discípulos chegam a reconhecer, pela boca de Pedro, que ele é O UNGIDO
(8,29). Mas recebem ordem de se calar (8,30). [Veja que interessante:
“Pelo zelo do Nome próprio de “Deus”, deixando as “consoantes”, mas, não
pronunciando as “vogais para não pronunciar o nome verdadeiro e próprio de Deus
– um Ser Sagrado e Santíssimo...” Esquecendo da pureza e da verdadeira razão
de seu nome em hebraico..., esqueceram-se também, é claro, não podiam ver,
enxergar que o Filho – revelou o Pai – pois o Filho e o Pai são UM! Pelo
simples motivo de adulterarem as “vogais masoréticas e deixando as consoantes
formando uma forma híbrida como um “deus” exclusivamente pagão!” E, isso está
registrado agora nos Evangelhos...!”.Anselmo Estevan.].
2. A partir de então, começa um
ensinamento novo: o Filho do homem deve passar pelo sofrimento, a morte e a
ressurreição. Este ensinamento, repetido três vezes (8,31-33; 9,30-32;
10,32-34), conduz o leitor ao confronto de Yaohushua com seus adversários em
Jerusalém (caps. 11-13). Aí, o drama culmina: o segredo de Yaohushua é
desvendado no decurso da Paixão (caps. 14 e 15), Sua declaração perante o
Sinédrio, que o condena à morte (14,61-62), e a palavra do centurião na hora de
sua morte (15,39) condenam-se com as revelações de Yaohushua por ocasião do
batismo e da Transfiguração (1,11; 9,7) e justificam o título do livro:
Yaohushua é O UNGIDO, o Filho de Yaohu (1,1, notas). Entrementes, as
indiscrições malévolas dos demônios (1,24.34; 3,11) e a fé messiânica dos
discípulos (8,29) foram reduzidas ao silêncio: de fato, o sentido das mesmas
não se poderia manifestar antes da paixão e morte de Yaohushua.
O relato da paixão constitui o ápice
do livro. Ele é preparado não só pelos conflitos em Jerusalém, pelo tríplice
anúncio que segue a profissão de fé de Pedro, e por uma observação já feita em
3,6; ele responde à pergunta feita desde o primeiro ato público de Yaohushua,
segundo Marcos (1,27), e permite compreender a insistência do livro sobre o que
se denominou segredo messiânico (cf. 1,34, nota; 1,44, notas; 8,30, nota). Esta
insistência corresponde, sem dúvida, ao fato de Yaohushua não ter sido RECONHECIDO,
ao tempo de sua vida terrena, como o foi depois da Páscoa. Mas, já que o
segredo incide exatamente nos títulos sob os quais se exprime a fé cristã
(1,1; 3,11; 8,29), {aí, está a suprema importância de ser um REMANESCENTE.
Para poder ver o “certo” do ‘Errado’ – o erro cometido pelo “homem, o ser
humano” – que por muitas vezes se põe no lugar do “Diabo” sendo um “semideus!”.
Anselmo Estevan}, Marcos parece querer indicar que eles eram prematuros, e
permaneceram equívocos para os judeus e para os pagãos, enquanto sua
verdade não fosse reconhecida na humilhação do Crucificado.


C. Yaohushua e seus discípulos. No
“começo” do Evangelho de Marcos, Yaohushua não aparece só, mas acompanhado dos
discípulos que deveriam dar prosseguimento à obra começada. Desde o início da
atividade na Galiléia, Marcos narra, sem a menor preocupação de verossimilhança
cronológica e psicológica, o chamamento de quatro pescadores para seguirem a
Yaohushua (1,16-29). A seguir, o Mestre anda sempre acompanhado pelos
discípulos, exceto quando os manda pregar (6,7-30). Só no momento da Paixão,
depois da fuga deles, é que fica só. Mas o livro não termina sem ter anunciado
por duas vezes o seu reagrupamento na Galiléia em volta do O UNGIDO
ressuscitado (14,28; 16,7). A posição que lhes é assinalada no decurso da
narrativa permite aliás distinguir várias seções.
1. Na primeira fase da manifestação
de Yaohushua, três cenas ilustram uma associação cada vez mais íntima entre ele
e seus discípulos: chamamento dos quatro em vista da pescaria de homens
(1,16-20), a escolha dos Doze para viverem com ele e em vista da missão
(3,13-19), finalmente a própria missão (6,7-13). Essas três narrativas vêm
acompanhadas de visões de conjunto sobre a sua atividade ou as reações que ele
provocava (1,14-15; 3,7-12; 6,14-16), como se o narrador sentisse a necessidade
de se dar conta da situação, antes de prosseguir.
Na primeira seção (1,16 – 3,6) os
discípulos se mantêm inativos junto a Yaohushua; mas este se mostra solidário
com eles, em face das críticas despertadas por sua atitude referente às
observâncias judaicas (2,13-28). A segunda seção (3,7 – 6,6) os contrapõe aos
adversários de Yaohushua, bem como a sua parentela carnal (3,20-35), e as
distingue da multidão como beneficiário de um ensinamento particular
(4,10-25.33-34) e testemunhas privilegiadas de milagres maravilhosos (4,35 –
5,43). A ruptura com Nazaré prepara a terceira seção (6,7 – 8,30), na qual os
Doze, enviados em missão, aparecem na qualidade de “apóstolos” (6,30),
encarregados de alimentar a multidão (6,34-44; 8,6). Entretanto, os discípulos
recebem revelações que os desconcertam (6,45-52; 7,17-23). Sua incompreensão,
já manifestada por ocasião das parábolas (4,13), agrava-se ainda mais (6,52;
8,14-21). A cura de um cego no final desta seção (8,22-26) tem para eles valor
exemplar (cf. 8,22 nota).
2. depois da confissão messiânica de
Pedro, cada um dos três anúncios da Paixão e da Ressurreição esbarra na
incompreensão dos discípulos e provocar declarações de rude franqueza acerca da
condição pessoal (8,34-38) e comunitária (9,33-50; 10,35-45) dos que devem
seguir Yaohushua, tomando a sua cruz. Caso suceda entrarem em cena a multidão
ou pessoas outras que os discípulos e a estes últimos que Yaohushua se dirige
principalmente ou explica em particular suas exigências (9,28-29; 10,10-16;
10,23-31). Continuamente se passa do Mestre ao discípulo e, em relação a ambos,
do rebaixamento voluntário à glória prometida. Neste caso, porém, enquanto
Yaohushua quer associa-los ao seu destino, eles permanecem obtusos. Esta seção
conclui-se novamente com a cura de um cego, que se põe a seguir Yaohushua
(10,46-52).
As duas seções seguintes (caps. 11 –
13 e 14 – 16) mostram Yaohushua com as multidões, com seus adversários, com
seus juízes. Os colóquios com os discípulos são freqüentes e importantes.
Yaohushua os inicia no poder da fé e da oração (11,20-25), previne-os do
comportamento a adotar em vista da chegada do Filho do homem (13,1-37), os
instrui sobre o sentido da sua morte na expectativa do Reino de Yaohu
(14,22-25), previne-os da defecção deles (14,26-31), previne-os contra a
tentação (14,37-40). Mas a fuga deles no Getsemâni e as negações de Pedro
atestam seu fracasso no seguimento de Yaohushua. Entretanto, nem tudo está
acabado: depois da Ressurreição, Yaohushua os precederá na Galiléia (14,28;
16,7).
A insistência na lentidão dos
apóstolos em crer, sua contínua falta de compreensão, sua deficiência no
momento em que se cumpre na verdade a revelação de O UNGIDO, Filho de Yaohu,
responde certamente a um plano premeditado. [Essa parte, me lembra de “passagens”
do AT. E, também, do NT. Em que: sempre que “alguém importante”
era citado, se falavam da “família” – citando o nome do pai etc. Bem, como Deus
– Yaohu – formou o ser humano e intervém com ele – é justo que têm que ter essa
relação conosco a Salvação. E, por isso, repito a importância de conhecer seu
Nome. O nome de Um Rei ETERNO, DIVINO, SALVADOR, AMOROSO, QUE QUER RESGATAR SEU
POVO... No NT., vamos ver passagens como: Mas que Deus é esse? Qual seu nome?
Pois nas cartas de Paulo, havia deuses e deusas com seus nomes
respectivos... e reis, queriam saber o nome de nosso Deus Salvador... REFLITAM
SOBRE ISSO E VEJAM QUANDO CHEGAR ESSAS PASSAGENS.. .OK! Anselmo Estevan].
A função de continuadores do Evangelho que lhes é atribuída impede que pensemos
numa polêmica dirigida diretamente contra os primeiros discípulos de Yaohushua.
Como a fé em Yaohushua só se desenvolveu depois da Páscoa, a sua vida terrestre
podia parecer a Marcos um tempo de manifestação real, mas contida pela
necessidade do segredo e limitada pela incompreensão dos discípulos. Esta,
paradoxalmente, valoriza o mistério de Yaohushua, indecifrável fora da fé
pascal.
Ela assume, outrossim, o sentido de
protótipo para a fé dos Remanescentes, sempre sujeita, como a deles, a
ficar em descompasso com relação à revelação divina. {“NADA PODERIA SER
FEITO OU ENTENDIDO POR MAIS CLARO QUE FOSSE, SEM A VINDA DO RÚKHA hol –
RODSHUA – O ELO PRINCIPAL DA CADEIA DO AMOR DO NOSSO YAOHU – PARA
NOSSA SALVAÇÃO”}. Anselmo Estevan. A cruz sempre há de ser um
escândalo. Para ser proclamado e acolhido em sua verdade, o Evangelho não só
exige fidelidade aos termos da confissão da fé, mas sobretudo a autenticidade
de uma vida em seguimento de Yaohushua. A compreensão do seu mistério é
inseparável de uma lenta e difícil iniciação à condição de discípulo.


O modo de escrever de Marcos. Aprouve
a alguns louvar em Marcos sua arte de narrador. Se o seu vocabulário é pobre
(exceto quando fala de coisas concretas e das reações provocadas por
Yaohushua), as suas frases mal concatenadas, seus verbos conjugados sem
preocupação com a concordância de tempo, suas próprias deficiências contribuem
para dar vida a uma narrativa muito próxima do estilo oral. Contudo, por sob o
pormenor “colhido ao vivo”, vislumbra-se muitas vezes a trama de um
esquematismo que trai elementos já tradicionais ou modelados para o uso das
comunidades. Quando o narrador faz reviver a cena, não apresenta o relato
singelo de uma testemunha ocular. Aliás, a ausência de qualquer seqüência
cronológica, por elementar que seja, a indiferença pela psicologia dos
personagens, a imagem estereotipada da multidão impedem que se leia este
evangelho como uma simples vida de Yaohushua. Mas, sem visos de literatura,
Marcos prima por sugerir o retrato vivo de um homem que, com suas reações
imprevisíveis, sua compaixão ou rudeza, com a surpresa que causa e com a
determinação de sua palavra, contradiz as imagens pré-fabricadas. Toda a alma
se lhe traduz num olhar, que pode vir prenhe de cólera ou pleno de bondade
(3,5.34), de interrogação ou diligente atenção (5,32; 11,11), de afeição
(10,21), de gravidade contristada ou serena (10,23.27). Perante esse homem
todas as atitudes são possíveis, da estupefação ao maravilhamento, da
desconfiança à decisão de matar e, para os discípulos, da adesão irrefletida à
incompreensão e ao abandono.


Origem do livro. Por volta do
ano 150, Pápias, bispo de Hierápolix, atesta a atribuição do segundo evangelho
a Marcos, “intérprete” de Pedro em Roma. O livro teria sido composto em Roma,
depois da morte de Pedro (prólogo antimarcionista de século II, Irineu) ou
ainda durante sua vida (segundo Clemente de Alexandria). Quanto a Marcos, foi
identificado com João Marcos, originário de Jerusalém (At 12,12), companheiro
de Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5.13; 15,37-39; Cl 4,10) e, a seguir, de Pedro
em “Babilônia” (isto é, provavelmente, em Roma), segundo 1Pe 5,13.
Admite-se comumente a origem romana
do livro, depois da perseguição de Nero em 64. Disto podem servir de indício
certas palavras latinas grecizadas, várias construções de frases tipicamente
latinas. Quando menos, o cuidado de explicar os costumes judaicos (7,3-4;
14,12; 15,42) de traduzir as palavras aramaicas, de frisar o alcance do
Evangelho para os pagãos (7,27; 10,12; 11,17; 13,10) supõem que o livro se
destina a não-judaicos, fora da Palestina. Quanto á insistência na necessidade
de seguir Yaohushua carregando a própria cruz, poderia ser de particular
atualidade numa comunidade abalada pela perseguição de Nero. Por outro lado,
visto ser a ruína do Templo anunciada em Marcos sem nenhuma alusão clara ao
modo como se efetuaram esses acontecimentos em 70 (ao contrário de Mt 22,7 e Lc
21,20), ainda impede que se dote a composição do segundo evangelho entre 65 e
70.
A relação do livro com o ensinamento
de Pedro é mais difícil de determinar. A expressão de Pápias, “interprete de
Pedro”, não é clara. Contudo, mais do que aos pormenores descritivos e a feição
de testemunho ocular, o lugar nele ocupado por Pedro testemunha em favor de uma
tradição petrina. Dentre o grupo dos Doze, só se destacam Tiago e João, como
fiadores, ao que parece, do testemunho de Pedro. Este nem por isso é
lisonjeado. Mas, se nem sempre desempenha um papel agradável, não há nisto
sinal de oposição contra ele.
Fica, portanto, intacto o problema
das fontes de Marcos. Os estudiosos diversamente, conforme a comparação com
Mateus e Lucas os leve a ressaltar a importância de Marcos na origem destes ou
a supor a existência, anterior a Marcos, de uma síntese de tradições referentes
a Yaohushua. Seja qual for a hipótese, a composição do Evangelho de Marcos leva
a pensar em uma etapa anterior da tradição, na qual os gestos e palavras de
Yaohushua eram transmitidos independentemente de qualquer visão de conjunto da
sua vida ou pregação. A narrativa da Paixão deve ter-se apresentado na origem
sob a forma de uma seqüência com vários episódios. Conjuntos elementares, como
“o dia de Cafarnaum” (1,21-38) ou as controvérsias de 2 – 3,6 puderam
constituir-se bastante cedo e já existir nas fontes de Marcos.
Outra questão que não recebeu
resposta: como terminava o livro? Geralmente se admite que a conclusão atual
(16,9-20) foi acrescentada para corrigir o final abrupto do livro no v. 8 (cf.
16,9 nota). Mas nunca saberemos se a conclusão original do livro foi perdida ou
se Marcos julgou que a referência à tradição das aparições na Galiléia no v. 7
bastava para encerrar sua narrativa.


Importância do livro. Marcos
é para nós a primeiro exemplo conhecido do gênero literário chamado evangelho.
No uso da Igreja, foi muitas vezes preterido em favor das sínteses posteriores
e mais amplas de Mateus e Lucas. Ele tornou a ser valorizado pelos estudiosos
literários e históricos dos séculos XIX e XX. Hoje, renuncia-se elaborar uma
biografia de Yaohushua baseada unicamente nas seqüências de Marcos. Todavia, a
sua rudeza, a ausência de afetação, a abundância de semitismos, o caráter
elementar da reflexão teológica revelam um estágio antigo dos materiais
utilizados. Os personagens e os lugares nomeados provêm de tradições arcaicas.
Os ensinamentos de Yaohushua, a insistência na proximidade do Reino de Yaohu,
as parábolas, as controvérsias, os exorcismos só encontram sua posição
histórica de origem na vida de Yaohushua na Palestina. As recordações não
provêm diretamente de uma memória individual. Formuladas primeiro em visto das
necessidades da pregação, da catequese, da polêmica ou da liturgia das Igrejas,
elas têm suas raízes no testemunho dos primeiros discípulos.
O mérito de Marcos consiste em
tê-las fixado no momento em que a vida das Igrejas disseminadas fora da
Palestina e a reflexão teológica atiçada pelo choque com as culturas
estrangeiras estavam sujeitas a perder o contato com as origens do Evangelho.
Ele conseguiu manter viva, inapagável, a visão de uma existência movimentada,
difícil de compreender. Afinal, quem é este HOMEM? A tal
pergunta, Marcos traz a resposta dos primeiros crentes, que foram as
testemunhas primeiras. Mas, para quem se contentasse com repetir esta resposta,
ele reaviva a questão e lembra que a fé se comprova pelo engajamento
incondicional no seguimento de Yaohushua, sempre em ação, pelo Evangelho, no
meio dos homens.

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