PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:

PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:
"NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NINGUÉM MAIS!".

sexta-feira, 2 de março de 2012

'EZRAH-NECHEMYAH

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE:



ESDRAS-NEEMIAS



INTRODUÇÃO



Visão geral
Autor: Desconhecido.
Propósito: Incentivar aqueles que haviam regressado à Terra
Prometida a continuar o trabalho que Zorobabel, Esdras e Neemias haviam
iniciado.
Data: c. 430-400 a.C.
Verdades fundamentais:
Yaohu apoiou e abençoou Zorobabel, Esdras e Neemias no
trabalho de incrementar a restauração depois do exílio.
Quando a restauração de Israel perdeu o seu vigor, Esdras
e Neemias forneceram liderança fiel.
O templo e Jerusalém eram de suma importância para que
Yaohu abençoasse o seu povo.
Para que possa receber a bênção de Yaohu, o seu povo deve
ser conduzido ao arrependimento e à santidade.


Propósito e características
Esdras-Neemias é uma narrativa histórica que apresenta o
trabalho de Zorobabel, Esdras e Neemias sob uma ótica bastante positiva. Ao
mostrar apenas o lado positivo de sua liderança, o livro incentiva aqueles que
haviam regressado do exílio a dar continuidade ao trabalho iniciado por esses
líderes.




CRISTO EM ESDRAS-NEEMIAS.
A revelação de Cristo é uma característica importante
do Livro de Esdras-Neemias. O livro revela Cristo de pelo menos cinco maneiras.
1. O trabalho de Esdras e Neemias teve como base à
iniciativa de Zorobabel, o descendente de Davi que representou a família real
no início da restauração final do povo de Yaohu à bênção (Ag 1 – 2; Zc 1 – 8).
O trabalho de Zorobabel ficou aquém das expectativas, mas, posteriormente, O
SALVADOR viria da linhagem de Zorobabel (Mt 1,12-16) e receberia as promessas
dadas à casa de Davi depois do exílio.
2. Os retratos idealistas de Zorobabel, Esdras e Neemias
como líderes prenunciam a obra de Cristo. Do mesmo modo que esses homens
dedicaram a própria vida a conduzir o povo de Yaohu às bênçãos divinas, Cristo
conduz os seus às bênçãos supremas e eternas. Como Cristo (Mt 23,1-39), Esdras
e Neemias confrontaram e corrigiram o pecado em Israel (9,1-15; 10,10-14; Ne
1,6-7; 9,1-3.26-38; 13,15-27). Como Cristo (Jo 17,6-26), eles se identificaram
como o povo pecador e oraram por ele (9,6-15; Ne 1,4-11).
3. O enfoque sobre a reconstrução e o funcionamento correto
do templo em Jerusalém prefigura Cristo. O templo é um elemento central da fé
cristã. Cristo não apenas purificou o templo (Mt 21,12-13; Jo 2,13-17) como
também se tornou o templo (Jo 2,19-22). Cristo instituiu a igreja como templo
de Yaohu (1Co 3,16-17; 2Co 6,16) e hoje, ministra no templo celestial (Hb
9,11-12.24). Quando voltar, Cristo trará a nova Jerusalém do céu para a terra a
fim de tornar o novo céu e nova terra a cidade santa de Yaohu, com ele
próprio e o Pai como o seu templo (Ap 21,22). Os temas de santidade,
sacrifícios, orações, perdão, sacerdócio e da presença de Yaohu, associados com
o templo em Esdras-Neemias, são cumpridos em Cristo.
4. As reformas morais que Esdras e Neemias realizaram no
âmbito nacional se cumpriram, igualmente, de modo supremo em Cristo. Ele também
conclamou o povo da aliança de Yaohu a voltar para o ETERNO e à sua Lei (Mt
5,17-19). Na verdade, por meio de sua morte e ressurreição e do poder do seu
Espírito (Ruach HaKodesh), Cristo purifica da injustiça e conduz à vida
de fé (1Jo 1,7-9) todos os que crêem nele para que possam herdar as
bênçãos de Yaohu (Mt 25,34-40; Rm 6,1-23; 1Pe 3,9-12).
5. Durante a breve estadia de Esdras em Jerusalém, ele
reconstituiu Israel e deu à sua fé uma forma que permitiria que ela
sobrevivesse ao longo dos séculos. Esdras organizou a comunidade judaica em
torno da Lei, a Torá. Dessa época em diante, a marca distintiva de um
judeu não seria geográfica ou nacional, mas sim, referente à aceitação da Lei.
A Lei abriu um caminho para a superação das limitações étnicas e geográficas de
outros tempos. Essa mudança na fé judaica lançou os alicerces para muitas das
características da fé cristã. O culto cristão, a organização eclesiástica, a
vida em comunidade, os empreendimentos missionários e outros elementos da fé
cristã se firmaram em grande parte, nessas mudanças resultantes do ministério
de Esdras. {ver + pra frente o termo “cristão”(...). E o REMANESCENTE
[...]. A. E.}.



ESDRAS-NEEMIAS: Os livros de Esdras e de Neemias
constituíam, na origem, um único livro. Pertencem ao período subseqüente ao
retorno dos judeus do cativeiro babilônico, período que se prolongou durante
mais de um século. A atividade dos dois personagens principais, Esdras e
Neemias, não é mencionada em nenhum outro livro do Antigo Testamento hebraico.
Sem os dois livros que levam os nomes deles, seria muito difícil, senão
impossível, conhecer os eventos que marcaram a restauração do judaísmo após a
provação do Exílio.


Conteúdo do livro. Distinguem-se com facilidade as
diversas partes destes dois livros:
O livro de Esdras conta inicialmente (caps. 1 – 6) a
volta dos primeiros cativos autorizados a retornar a Jerusalém por permissão de
Ciro, rei dos persas, que acabava de conquistar a Babilônia. Esses primeiros
repatriados restabeleceram o altar sobre as ruínas do Templo de Jerusalém,
antes de reconstruir o próprio santuário, e apesar, de graves dificuldades
advindas dos dirigentes regionais e dos adversários do judaísmo. O Templo
só foi inteiramente reconstruído vários anos depois, na época dos profetas Ageu
e Zacarias, sob o reinado de Dario (5,1-2).
Segundo os capítulos 7 – 10, após um intervalo de várias
dezenas de anos, Esdras, sacerdote e escriba, encarregado de uma missão oficial
pelo rei da Pérsia, Artaxerxes, chega a Jerusalém, onde se aflige por ver um
estado de coisas bem pouco fiel à tradição judaica, em especial por causa dos
numerosos casamentos entre judeus e pagãos. Empreende uma reforma radical neste
ponto e, respaldado pelo povo, manda os estrangeiros para fora das fronteiras
da terra judaica, provavelmente bastante restrita naquela época.
No início do livro de Neemias (caps. 1 – 7) o relato explica
de que maneira Neemias, alto funcionário do rei Artaxerxes, entristecido com as
notícias recebidas de seus compatriotas de Jerusalém, obtêm do rei a
autorização para inspecionar a capital judaica e empreender a reconstrução da
mesma, começando pela muralha. Essa será reconstruída em cinqüenta e dois dias,
graças ao zelo de Neemias, obrigado ao mesmo tempo a lutar contra inimigos e a
estimular a coragem e a disciplina de todos os habitantes.
Nos capítulos 8 – 9, Esdras volta ao primeiro plano dos
acontecimentos e restaura o culto e a celebração das festas em conformidade com
a Lei de Moisés, que trouxera de Babilônia.
Após diversos trechos relatando compromissos do povo, listas
e a festa de inauguração da muralha, o livro termina com uma série de reformas
efetuadas por Neemias em Jerusalém por ocasião de uma segunda estada, mais ou
menos doze anos mais tarde (caps. 10 – 13).
Eis, portanto, como se apresenta o plano dos dois livros:


Esdras
1: O edito de Ciro.
2: Lista dos deportados repatriados.
3: Restabelecimento do culto.
4,1-5: Obstrução por parte dos inimigos de Judá.
4,6-24: Troca de correspondência durante o reinado de Xerxes
e Ataxerxes.
5,1 – 6,18: Construção da Casa de Yaohu.
6,19-22: A Páscoa.
7,1-10: O escriba Esdras.
7,11-28: A carta de Artaxerxes.
8,1-14: Os companheiros de Esdras.
8,15-36: Viagem de Esdras a Jerusalém.
9: Oração de humilhação de Esdras.
10,1-17: Despedida das mulheres estrangeiras.
10,18-44: Lista dos culpados.


Neemias
1: Oração de Neemias.
2: Viagem de Neemias a Jerusalém.
3,1-32: Restauração dos muros de Jerusalém.
3,33 – 4,17: Obstáculos e dificuldades.
5: Injustiças sociais. Intervenção de Neemias.
6: Término da reconstrução das muralhas.
7: Recenseamento dos israelitas.
8: Leitura pública da Lei.
9: Oração de confissão dos pecados.
10: Resoluções diversas.
11: Repartição dos habitantes de Jerusalém.
12: Sacerdotes e levitas.
13: Reformas diversas, realizadas por Neemias.

A história literária dos dois livros é bastante complexa.
As antigas traduções gregas do Antigo Testamento abrangem, além de uma tradução
dos dois livros reunidos em um só, um outro livro de Esdras, bem diferente
destes últimos e com muita freqüência designado sob o termo: Esdras grego, ou
então 1 Esdras (sendo que 2 Esdras designa a tradução dos dois livros hebraicos
de Esdras-Neemias). O Esdras grego contém certas passagens das Crônicas e de
Esdras, mas também relatos apócrifos (os três jovens pajens de Dario etc.).
Quanto à tradição latina: ela conhece 4 livros de Esdras, sendo que o 1º
corresponde ao livro bíblico de Esdras, o 2º ao livro de Neemias, o 3º ao
Esdras grego, e o 4º é um apocalipse tardio atribuído a Esdras, mas que já não
tem mais nada em comum com os dois livros do Antigo Testamento. A maior parte
das edições modernas da Bíblia contém apenas os dois livros de Esdras e de
Neemias, e deixam de lado o Esdras grego (1 ou 3Esd) e o Apocalipse de Esdras
(4Esd), que nunca fizeram parte do cânon judaico.


Problemas literários. Não há indicação quanto ao
autor destes dois livros, mas é comum admitir-se que foi um e mesmo autor que
redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crônicas,
seguidos dos livros de Esdras e de Neemias. Um dos indícios mais significantes
é a identidade entre os últimos versículos de 2 Crônicas (36,22-23) e os
primeiros versículos de Esdras (1,1-3), o que demonstra a continuidade do
relato. No entanto, os métodos de composição diferem sensivelmente.
Para os livros de Esdras e Neemias, o autor utilizou como
fontes diversos documentos antigos, que reproduziu e sistematizou entre si de
modo a articula-los e incorpora-los no mesmo conjunto. Assim, é possível
descobrir:
a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas,
etc., tais como Esd 2 e Ne 7; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico
(correspondência diplomática, decretos oficiais, Esd 4,9 – 6,18; 7,11-26);
b) memórias de Esdras (Esd 7 – 10) contendo trechos
redigidos na primeira pessoa, com Esd 7,27 – 9,15, e trechos na terceira
pessoa, com Esd 7,1-10; Ne 8 – 9;
c) memórias de Neemias (Ne 1 – 7; 10; 12,27 – 13,31).
A utilização desses diversos documentos explica também a
dualidade de idioma constatado no livro de Esdras, já que certos trechos foram
conservados em aramaico (Esd 4,8 – 6,18 e 7,12-26), ao passo que o restante
está em hebraico. Esta particularidade encontra-se também no livro de Daniel
(2,4 – 7,28).
Contudo, a redação dos dois livros a partir dessas fontes
levanta alguns problemas de solução nada fácil. É o que ocorre com a lista
dos judeus que voltaram do cativeiro, a qual figura ao mesmo tempo no cap. 2 de
Esdras e no cap. 7 de Neemias, isto é, em duas situações históricas bem
diversas. No primeiro caso (Esd 2), esta lista aplica-se às primeiras caravanas
de deportados retornados a Jerusalém em decorrência do edito de Ciro em 538,
totalizando mais de 50.000 pessoas. No segundo caso (Ne 7), trata-se de uma
enumeração feita na época de Neemias, após a reconstrução das muralhas de
Jerusalém pelo ano de 445, ou seja, cerca de um século mais tarde. É provável
que esta lista, reproduzida nesses dois contextos, não represente com exatidão
nem a situação no início do retorno, nem o da época de Neemias, mas uma época
intermediária, que poderia ser a de Zorobabel e de Josué, que aliás figuram
encabeçando a lista. Pode-se pensar em um recenseamento do povo que regressou a
Jerusalém desde uns vinte anos antes, no mínimo, após a reconstrução do segundo
Templo (520-515).
Quanto à data da redação dos dois livros, é difícil
precisa-los, uma vez que é necessário levar em conta o conjunto da obra de
Crônicas-Esdras-Neemias. A julgar pelo conteúdo histórico desta obra, pelas
idéias religiosas nela expressas e pelo ambiente do qual parece provir o autor,
o período de acabamento da sua vasta obra historiográfica poderia situar-se
entre o final do séc. IV e meados do séc. III a.C. Esse período corresponderia
apenas à redação final dos livros, já que as fontes literárias utilizadas
remontam certamente a épocas bem anteriores.


Problemas históricos. A análise dos livros
Esdras-Neemias levanta problemas relativos aos próprios eventos históricos.
Dentre estes destacam-se dois, que têm originado hipóteses diversas, das quais
nenhuma se impõe como solução certa e definitiva.
O primeiro problema refere-se à interrupção da reconstrução
do Templo de Jerusalém (Esd 4). Segundo o texto, esta interrupção foi ordenada
pelo rei persa Artaxerxes (465-424) em conseqüência das queixas de
habitantes da região que se opunham aos judeus (Esd 4,6-24). Ocorre que a
cronologia torna tal acontecimento impossível. Com efeito, a construção do
Templo foi terminada no 6º ano do reinado de Dario, isto é, por volta de 515
(Esd 6,15), após ter sido retomada no segundo ano do mesmo reinado, em 520 (Esd
4,24; Ag 1,15). A passagem Esd 4,6-23 refere-se a acontecimentos da época de
Artaxerxes, ou seja, no mínimo 50 ou 60 anos mais tarde. A hipótese mais
provável para resolver este problema consiste em ver, nesta última passagem,
documentos relativos à interrupção de outros trabalhos, diferentes dos de
reconstrução do Templo: talvez uma tentativa de reconstrução das muralhas da
cidade na época de Artaxerxes, o que, aliás, explicaria bastante bem a ulterior
iniciativa de Neemias para retomar esses trabalhos e leva-los a bom termo,
sempre sob o reinado de Artaxerxes (Ne 1 – 4 e 6). O próprio conteúdo da
correspondência diplomática de Esd 4,6-23 fala explicitamente de uma
reconstrução da cidade e das muralhas, e não do Templo (vv. 12,13.16). Como
explicar que este documento tenha sido inserido no meio do relato referente ao
Templo em uma época bem anterior? Não o sabemos. Como se tratasse de trabalhos
interrompidos por ordem de um rei da Pérsia, talvez tenha havido confusão, no
momento da redação do livro, entre os trabalhos do Templo, na época de
Artaxerxes.
Mais complexo é o segundo problema: o da cronologia da
atividade de Esdras e de Neemias em Jerusalém. A ordem cronológica atual do
relato fala da chegada de Esdras no 7º ano de Artaxerxes (Esd 7,7) e da sua
atividade reformadora (Esd 8 – 10), e em seguida, da chegada de Neemias no 20º
ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e da sua atividade em prol da reconstrução das
muralhas (Ne 1 – 7). A seguir vê-se Esdras reaparecer – quando não se fizera
mais menção a ele em Ne 1 – 7 – para a leitura solene da Lei (Ne 8 – 9); e por
fim, Neemias exerce sua atividade sozinho, no decurso de outra estada em
Jerusalém no 32º ano de Artaxerxes (Ne 13,6). Tem-se, pois, a impressão de que
Esdras e Neemias exerceram sua atividade em Jerusalém simultaneamente, mas
independentemente um do outro, ignorando-se quase totalmente, o que parece
surpreendente, dado que aos dois receberam uma missão oficial do rei Artaxerxes
(Esd 7,11; Ne 2,7-8). Têm-se buscado diversas explicações para resolver esta
dificuldade: pensou-se que Esdras ficou por pouco tempo em Jerusalém e voltou
ao rei da Pérsia enquanto Neemias estava em Jerusalém. Mas neste caso seria
preciso supor uma verdadeira dança alternada dos dois, pois em Ne 8 – 9 Esdras
está novamente em Jerusalém, e Neemias teria então partido novamente para junto
do rei, antes de voltar a Jerusalém cerca de doze anos mais tarde (Ne 13,6).
Pretendeu-se resolver a questão situando Esdras quando da segunda vinda de
Neemias a Jerusalém (o que explicaria a presença simultânea dos dois, segundo
Ne 8,9), mas neste caso é preciso modificar a data indicada em Esd 7,8: Não
se trataria mais do 7º ano de Artaxerxes, mas do 27º ou do 37º ano desse rei
(ou seja, pelo ano de 438 ou 428).
Finalmente, tem-se proposto – e esta hipótese é quiçá a mais
plausível – considerar toda a atividade de Neemias como anterior à de Esdras:
Ne 1 – 7 e 10 – 13 relataram esta atividade de reconstrutor e de reformador.
Mais tarde, em uma época que poderia ser o 7º ano do rei Artaxerxes II (e não
de Artaxerxes I), por volta de 398-397, Esdras teria chegado a Jerusalém (Esd
7,7). Teria então realizado suas reformas (Esd 7 – 10) e restaurado o culto em
seqüência à leitura solene da Lei (Ne 8 – 9). Esta hipótese, porém, não
soluciona todas as dificuldades e não explica a presença de Neemias no momento
da leitura da Lei (Ne 8,9). É verdade que este último dado poderia provir do
redator final, que apresentou como contemporâneas as atividades de Esdras e de
Neemias. O redator não teria levado em conta as datas respectivas das estadas e
das reformas efetuadas pelos dois. O que queria era sobretudo dar a prioridade
ao sacerdote-escriba Esdras em relação ao leigo Neemias.
Esta razão teológica teria desorganizado a cronologia real dos acontecimentos.
Mas estamos apenas diante de uma hipótese; o problema ainda não encontrou
solução plenamente satisfatória.

Perspectivas religiosas. Os livros de Esdras e de
Neemias certamente não pertencem à categoria daqueles que se volta a reler
freqüentemente. Muitos leitores da Bíblia pouco os conhecem e acreditam
encontrar neles nada mais do que alguns documentos úteis para a história
bíblica, porém destinados de maior interesse para os dias de hoje. Esta opinião
não é exata e estriba-se num preconceito. Sem dúvida, estes dois livros não são
comparáveis a outros cujo conteúdo religioso é muito mais rico, como ocorre com
os Salmos, Jó ou os Profetas. Mas revelaria desconhece-los quem deixasse de
enfatizar sua importância religiosa e seu valor permanente no conjunto dos
livros bíblicos, tão ricos e tão variados. Em uma orquestra, os instrumentos
não desempenham todos o mesmo papel, nem têm a mesma sonoridade. No entanto,
são todos necessários para se poder ouvir a sinfonia na sua plenitude.
Esses dois livros não apresentam uma exposição teológica
propriamente dita, mas nos eventos bem concretos que relatam é possível
descobrir as idéias mestras que guiaram os seus heróis.
Os três centros de preocupação claramente evidenciados
nesses textos são: o Templo, a cidade de Jerusalém, a comunidade do povo de
Yaohu.
A reconstrução do Templo é a primeira tarefa do povo que
retorna do cativeiro. Aliás, o próprio objetivo da volta do Exílio é a
reconstrução do santuário, já ordenada, segundo Esd 1,2, pelo rei Ciro em seu
edito. A Casa de Yaohu é o sinal real e material da presença de Yaohu no
meio do seu povo. É também o lugar em que se pode celebrar o culto;
daí a importância de tudo o que concerne ao sacerdócio (2,36-39), aos
levitas e a todo o pessoal ligado ao lugar santo (2,40-63), assim como de tudo
o que diz a respeito aos objetos cultuais, às oferendas (1,9-11; 2,68-69) e,
sobretudo ao altar, que é o primeiro a ser restabelecido para nele se
oferecerem os sacrifícios, antes da própria edificação do novo Templo (3,1-7).
Se ocorre um atraso na reconstrução do Templo, é sobretudo em razão da
hostilidade dos adversários que procuram impedir os judeus de restabelecerem
sua influência (cap. 4), [OS ADORADORES DE BAAL É QUE ERAM CONTRA A
CONSTRUÇÃO DO TEMPLO, E ETC. ANSELMO ESTEVAN], ao passo que nada se diz ,
nestes dois livros, da negligência, da indiferença e do desânimo dos próprios
judeus nesta tarefa – como o atesta, porém, a profecia de Ageu (Ag 1,2-5). Pelo
contrário, em Esd 6, a alegria explode por ocasião da Dedicação do Templo
terminado, o qual é a obra de Yaohu mais que dos homens (v. 22).
A presença do Templo é inseparável da cidade mesma; aliás, a
preocupação por Jerusalém, cidade santa no presente e no futuro, faz parte dos
objetivos que levaram Neemias a pedir a autorização do rei Artaxerxes para vir
à capital judaica a fim de restaura-la e restituir-lhe a importância que lhe
cabe. Esta preocupação por Jerusalém explica o zelo patriótico e religioso que
ele demonstrou na reconstrução das muralhas em ruínas, com o concurso de toda a
população (Ne 2 – 6). Para ele, tratava-se de uma missão profundamente
religiosa, que Yaohu lhe havia confiado e que cumpriu, a despeito das
dificuldades e das lutas, com a certeza de que Yaohu estava com ele e combatia
em favor do seu povo. As medidas que Neemias adotou a seguir, com o fim de
repovoar a cidade por muitos trocada pelo campo (Ne 11), ou com o fim de fazer
respeitar o sábado (Ne 13,15-22), mostram que, para ele, Jerusalém devia
voltar a assumir seu papel de cidade santa. Tratava-se do
prolongamento de toda a história passada, interrompida pela ruína e pelo
cativeiro.
Todavia, o Templo e a cidade só têm significado real em
função do povo que vive neste lugar e que constitui a comunidade do povo de
Yaohu. Pois bem, esta comunidade, sacudida pelo Exílio, precisa ser
restaurada sobre o seu verdadeiro fundamento, que é a obediência à Lei de
Yaohu. É, sobretudo aqui que aparece a importância da obra de Esdras e
de Neemias. O povo judeu não desfruta mais da sua independência nacional; só
tem razão de ser porque é uma comunidade religiosa que reata a tradição antiga
com as exigências da situação presente. Tal obra de restauração precisava
manifestar-se em setores diversos. Primeiramente no do culto: A leitura
solene da Lei de Moisés, trazida por Esdras (Ne 8) e explicada ao povo antes da
festa dos Tabernáculos, fornece os elementos principais daquilo que será mais
tarde o serviço da sinagoga. A Lei é o fundamento da vida do judaísmo, e
permanecerá tal através dos séculos.
A obediência à Lei de Yaohu explica também as medidas muitas
vezes severas ordenadas por Esdras e Neemias para reconduzir o povo à observância
das festas, dos sábados, das obrigações referentes às ofertas e aos dízimos
destinados ao culto e aos sacerdotes (Ne 10; 12; 13,1-22), e também para reagir
contra os casamentos com pagãos (Esd 10; Ne 13,23-29). É ainda por fidelidade à
Lei que Neemias, com suas palavras e exemplo pessoal, soube equacionar o
problema de ordem social, que dividia a população em conseqüência das
diferenças de renda e da escandalosa desigualdade de condição social (Ne 5).
E, no entanto, apesar dessas exigências, não nos
deparamos na religião de Esdras e de Neemias com um legalismo tacanho que
desfiguraria as perspectivas da verdadeira religião, como ocorre com freqüência
neste campo. A Lei é sempre a do Deus Yaohu vivo, que fala e age,
e para o qual o povo pode voltar-se através de um culto sincero e de uma oração
espontânea. A cada instante vemos Esdras e Neemias dirigirem-se a Yaohu
para pedir seu conselho, sua ajuda, sua proteção, ou para
exprimir-lhe seu reconhecimento cheio de alegria (Esd 3,11; 6,21-22; 7,27-28; Ne
1,4-11; 4,4-5; 5,19 etc.). As duas grandes orações conservadas em Esd 9 e Ne 9
encerram com probabilidade elementos litúrgicos em uso no culto judaico
(arrependimento, confissão dos pecados, imploração do perdão de Deus Yaohu,
rememoração da história do povo no passado e de suas infidelidades, ato de
confiança no Deus Yaohu – Deus de Israel, etc.). Esses textos revelam quanto a
pregação dos profetas anteriores ao Exílio havia finalmente produzido seus
frutos e conduzido o povo a esses sentimentos de humilhação e de fé no Yaohu
que perdoa.
Importa
notar ainda um aspecto – secundário decerto, mas não sem valor – da vida
religiosa dos judeus dessa época em Jerusalém: é a polêmica contra uma
concepção excessivamente frouxa e liberal da vida religiosa, que acaba por
admitir envolvimento com o paganismo. Mostram-no as medidas
contra os casamentos com pagãos, mas também a recusa formal de toda colaboração
com habitantes locais que se oferecem para trabalhar na reconstrução das
muralhas (Ne 2,19-20; 4; 6 etc.), mas que na realidade são inimigos dos judeus.
Percebe-se aqui o prelúdio da oposição entre judeus e samaritanos, cujo cisma
se operará em época posterior (sem dúvida por volta de 328).
Os livros de Esdras e de Neemias põem em relevo, sobretudo a
personalidade desses dois homens tão diferentes, e, no entanto animados do
mesmo desejo de trabalhar na restauração do seu povo e da vida religiosa:
Esdras, sacerdote e escriba, erudito no campo da Lei, inspirador da renovação
do culto, rigorista no tocante aos comprometimentos com os povos pagãos, e
Neemias, leigo enérgico e de coragem indomável, a pregar pelo exemplo através
do seu desinteresse, homem de oração e de fé. E, no entanto, por maior que seja
o valor desses dois homens, sua personalidade nunca é priorizada em relação à
sua obra. Cumprem a missão que Yaohu lhes confiou, e afora esta missão nada
mais sabemos a respeito da vida deles, a respeito do término da sua atividade e
da sua morte. A pessoa deles apaga-se por trás da ação, deixando na sombra o
que aconteceu antes e depois do ministério que exerceram. Este é também um
traço característico da vida religiosa do judaísmo de sua época.



VAMOS AS PRINCIPAIS PERSONAGENS DE ESDRAS e NEEMIAS:



(Ed)

ZOROBABEL
Pontos fortes e êxitos:
Liderou o primeiro grupo de exilados judeus que
viviam na Babilônia de volta a Jerusalém.
Completou a reconstrução do Templo de Yaohu.
Demonstrou sabedoria tanto ao aceitar ajuda como ao
recusa-la.
Começou o projeto de reconstrução estabelecendo a adoração.
Como algo primordial.

Fraquezas e erros:
Precisava de constante encorajamento.
Permitiu que os problemas e a oposição detivessem o trabalho
de reconstrução.


Lições de vida:
Uma líder precisa fornecer não só a motivação inicial
para um projeto, mas também o encorajamento continuo necessário para manter o
projeto em andamento.
Um líder deve encontrar sua própria fonte segura de
encorajamento.
A fidelidade de Yaohu é demonstrada pelo modo como preservou
a linhagem de Davi.


Informações essenciais:
Local: Babilônia e Jerusalém.
Ocupação: Reconhecido líder dos exilados.
Familiares: Pai – Sealtiel; avô - Joaquim.
Contemporâneos: Ciro, Dario, Zacarias e Ageu.



Versículos-chave: “E respondeu e me falou,
dizendo: Esta é a palavra do ETERNO a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem
por violência, mas pelo meu Espírito, diz o ETERNO dos Exércitos. Quem é tu, ó
monte grande? Diante de Zorobabel, serás uma campina; porque ele trará a
primeira pedra com aclamações: Graça, graça a ela” (Zc 4,6.7).



A história de Zorobabel é contada em Esdras 2,2 – 5,2. Ele
também é mencionado em 1 Crônicas 3,19; Neemias 7,7; 12,1.47; Ageu 1,1.12,14;
2,4.21.23; Zacarias 4,6-10; Mateus 1,12.13; Lucas 3,27.



ESDRAS
Pontos fortes e êxitos:
Comprometeu-se a estudar, seguir e ensinar a Palavra
de Yaohu.
Liderou o segundo grupo de Judeus exilados na Babilônia da
volta a Jerusalém.
Pode ter escrito 1 e 2 Crônicas.
Preocupou-se em manter os detalhes dos mandamentos de Yaohu.
Enviado pelo rei Artaxerxes a Jerusalém para avaliar a
situação, implantou um sistema de ensino religioso, e retornou com um relatório
em primeira mão.
Trabalhou ao lado de Neemias durante o último despertamento
espiritual registrado no Antigo Testamento.


Lições de vida:
A disposição de uma pessoa em conhecer e praticar a
Palavra de Yaohu terá um efeito direto no modo como Yaohu usará sua vida.
O ponto de partida para servir a Yaohu é comprometer-se a
servi-lo hoje, antes mesmo de saber detalhes do serviço.


Informações essenciais:
Local: Babilônia e Jerusalém.
Ocupações: Escriba, emissário real e ensinador da Lei.
Familiares: Pai – Seraías.
Contemporâneos: Neemias e Artaxerxes.



Versículo-chave: “Porque Esdras tinha
preparado o seu coração para buscar a Lei do ETERNO, e para a cumprir, e para
ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7,10).



A história de Esdras está registrada em Esdras 7,1 – 10,16 e
Neemias 8,1 – 12,36.



(Ne)

NEEMIAS
Pontos fortes e êxitos:
Um homem de caráter, persistência e oração.
Extraordinário planejador organizador e motivador.
Sob sua liderança, os muros ao redor de Jerusalém foram
reconstruídos em 52 dias.
Como líder político, conduziu a nação à reforma religiosa e
ao despertamento espiritual.
Agiu com calma diante da oposição.
Foi capaz de ser honesto e objetivo com o seu povo, quando
estavam em pecado.


Lições de vida:
O primeiro passo em qualquer empreendimento é orar.
Pessoas sob a direção de Yaohu podem realizar tarefas
impossíveis.
Há duas partes importantes no verdadeiro serviço a Yaohu;
falar com Ele e andar com Ele.


Informações essenciais:
Local: Pérsia e Jerusalém.
Ocupações: Copeiro do rei, construtor de cidades e
governador de Judá.
Familiares: Pai – Hacalias.
Contemporâneos: Esdras, Artaxerxes, Tobias e Sambalate.



Versículo-chave: “Então, lhes declarei como a
mão do meu Deus – Yaohu me fora favorável, como também as palavras do rei, que
ele me tinha dito. Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram
as suas mãos para o bem” (Ne 2,18).



A história deste servo de Yaohu é contada no livro de
Neemias.

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