PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:

PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:
"NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NINGUÉM MAIS!".

sexta-feira, 2 de março de 2012

YECHEZK'EL

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE:


EZEQUIEL



INTRODUÇÃO



Visão geral
Autor: O profeta Ezequiel.
Propósito: Incentivar os exilados a permanecerem fiéis ao
ETERNO, para que ele cumprisse a sua promessa de reconduzi-los à Terra
Prometida e de conduzir o templo e Jerusalém a novas alturas de glória.
Data: c. 593-570 a.C.
Verdades fundamentais:
Judá e Jerusalém merecerem a sentença dada por Yaohu de
destruição total e exílio.
O julgamento vem sobre aqueles que violam flagrantemente a
lei de Yaohu.
Yaohu julgará as nações que se voltaram contra o seu povo.
Depois do exílio, Yaohu mandaria grandes bênçãos ao seu
povo.
Jerusalém e o seu templo seriam o centro do povo restaurado
de Yaohu.


Propósito e características
O livro de Ezequiel é inigualável no sentido de que, com
algumas exceções ocasionais, ele é inteiramente autobiográfico, isto é, escrito
na primeira pessoa do singular, do ponto de vista do próprio Ezequiel. O livro
se divide em três partes. Nas duas primeiras, Ezequiel anunciou o julgamento
sobre Jerusalém (caps. 1 – 24) e sobre outras nações estrangeiras (caps. 25 –
32). A partir do momento em que um mensageiro chegou relatando a destruição de
Jerusalém (33,21 – 22), a pregação do profeta passa a ser dominada pelas
promessas de restauração e misericórdia para o futuro (caps. 33 – 48). Tanto à
parte que anuncia julgamento sobre Jerusalém como a parte que profetiza
restauração, iniciam com oráculos a respeito do papel de Ezequiel como atalaia
(3,16-21; 33,1-20).

CHRISTÓS, “O UNGIDO” –, EM EZEQUIEL.
(Yaohushua):

O ministério profético de Yaohushua foi antecipado quando
Ezequiel anunciou que Yaohu destruiria Jerusalém e enviaria a sua população
para o exílio em razão de sua continuada descrença. O julgamento contra os
apóstatas dentre o povo da aliança estendeu-se também ao ministério do UNGIDO,
“O SALVADOR”, – Yaohushua. Yaohushua apelou para o arrependimento
entre os judeus e um REMANESCENTE respondeu em fé. Entretanto,
como Ezequiel, Yaohushua – O UNGIDO anunciou que a destruição do templo e de
Jerusalém ocorreriam novamente após a sua partida (Mt 24; Jo 2,19). Ezequiel
também anunciou julgamento contra as nações que atormentavam o povo de Yaohu
(29,19; 30,25; 38,21-23). Num certo grau, esses julgamentos ocorreram na
inauguração do reino de Yaohushua (Mt 24,34; Lc 11,32.51), mas serão plenamente
realizados no julgamento que acontecerá
quando Yaohushua retornar (Ap 11,18; 14,7; 15,1).
A obra de Yaohushua foi antecipada quando Ezequiel anunciou
que Yaohu um dia poria um fim ao exílio (caps. 33 – 48), estabeleceria uma
aliança de paz (34,5; 37,6) e restauraria Jerusalém a uma glória maior do que
nunca antes (cap. 48). De acordo com essas esperanças, a morte, a ressurreição
e a ascensão de Yaohushua ocorreram perto da cidade (Mt 16,20). A descida do Rúkha
hol – Rodshua (Espírito Santo) ocorreu ali, no dia de Pentecostes, quando
milhares de exilados creram no Yaohushua (At 2). Além disso, entre a sua
primeira e a sua segunda vinda, a Jerusalém celestial, onde Yaohushua está,
tornou-se um aspecto importante da fé dos remanescentes (Jo 3,31; Cl
1,5). O Novo Testamento também fez de Jerusalém a peça central dos novos céus e
nova terra a serem estabelecidos quando Yaohushua retornar (Ap 21,2).
O próprio Yaohushua foi antecipado quando Ezequiel mencionou
“o príncipe” em 34,24; 37,25; 44,3; 45,7.16-17.22; 46,2.4.8.10.12.16-18. Esse
príncipe seria o filho de Davi que reinaria sobre o povo de Yaohu após o
exílio. Da época do exílio até Yaohushua, nenhuma figura real da casa de
Davi reinou sobre Israel (Lc 1,32-33). Assim, Yaohushua cumpre as
esperanças que Ezequiel tinha para a restauração da casa de Davi após o exílio.
Veja a nota sobre 37,24.
Ezequiel depositava muitas de suas esperanças para o
futuro de Israel na restauração do templo e do seu sacerdócio (caps. 40 – 48).
Como filho encarnado de Yaohu, Yaohushua é o cumprimento final tanto do templo
de Yaohu (Jo 2,19-22; Ap 21,22) como do sacerdócio (Hb 7,1 – 8,6). Sua morte
foi um sacrifício expiatório (Rm 3,25; Hb 2,17). Ele agora ministra diante do
trono de Yaohu no céu, intercedendo pelos santos (veja Hb 8). Quando
retornar em glória, Yaohushua santificará os novos céus e a nova terra para ser
uma morada santa para Yaohu (Ap 21,22-23), substituindo o templo como lugar
de sua presença especial – 1Rs 8.

Como a palavra “Christós” – O
UNGIDO – foi transliterada erroneamente para o português – “CRISTO”. E,
dessa palavra, se derivou a palavra: CRISTÃO – (At 11,26; 26,28; 1Pe
4,16). Entendendo que esse termo é: SEGUIDOR DE CRISTO – DE SUAS
OBRAS...! Mas o correto é: REMANESCENTE – OU SEJA: “O QUE RESTA DE
ALGUMA COISA, O QUE SOBROU, O SEGUIMENTO MAIS PURO O DNA, ETC”. Sendo desta
forma quando houver a palavra: cristão, leia-se REMANESCENTE
– OS VERDADEIROS SEGUIDORES DE YAOHUSHUA – SUA SEMENTE – O QUE BUSCA A VERDADE
PURA DOS CÉUS SOMENTE...!!! (Is 49,6; Jr 50,20; Rm 9,27; Rm 11,5). Por isso que é
fundamental conhecer o seu verdadeiro Nome Pessoal único e intransferível: “Yaohu”,
“Yaohushua”, “Rúkha hol – Rodshua” – O ÚNICO NOME QUE “SALVA”! Anselmo
Estevan.

Vamos ver o que diz a Enciclopédia Bíblica, O ANTIGO
TESTAMENTO INTERPRETADO versículo por versículo; da editora HAGNOS. R.N.
Champlin. Dicionário – pág. 5154:

REMANESCENTE:
No hebraico temos três palavras diversas, com o
sentido de “aquilo que resta”, “escape” e “remanescente”.
No N.T. também temos três palavras gregas, Katáleimma, leîmma e loipós, todas
com o sentido de “remanescente”.
O conceito de remanescente encontra-se ao longo da Bíblia,
com vários aspectos e significações. Aquelas palavras originais algumas vezes
eram usadas em combinações que lhes emprestavam um efeito intensificador ou
especial. Podiam indicar objetos ou pessoas que sobraram, após o uso ou alguma
mortandade ou destruição. Os profetas se utilizaram especialmente de expressões
como “restantes de Sião” (Is 4,3; Jr 6,9, “resíduos de Israel”; Mq 2,12,
“restante de Israel”; Mq 5,6ss, “restante de Jacó”) e expressões similares.
Essas expressões têm um sentido teológico e escatológico, um resumo das
esperanças dos crentes israelitas. O povo ao qual seria dada a salvação
final consiste na comunidade daqueles que, pelo desígnio gracioso de Yaohu,
vierem a escapar do juízo condenatório, por haverem sido escolhidos pelo ETERNO.
Todavia, como muitos outros conceitos teológicos, o conceito de “remanescente”
também sofreu uma evolução ao longo da revelação bíblica:
1. Uso profano ou natural. A idéia de algo que
sobrou é comum no uso secular. A Bíblia alude ao resto das ofertas de manjares
ou de cereais (Lv 2,3), ao resto do azeite (Lv 14,18), os restantes dos
prostitutos cultuais (1Rs 22,46), etc. A palavra “restante” é usada,
especialmente, para indicar minorias políticas de vários tipos (ver Js 23,12; Dt
3,11; 2Sm 21,12; Is 14,22.30; 16,14; 1Rs 14,10; 2Rs 25,11; Ez 14,22; etc.). Os
grupos de exilados que retornaram da Babilônia em companhia de Zorobabel e
Esdras também eram chamados “remanescente”.
2. Uso teológico. É nesse campo que a
palavra se reveste de grande importância. O destino político de Israel
é uma questão escatológica, profetizada. Um exemplo pertinente disso é Mq 5,3: “Portanto
os entregará até ao tempo em que a que está em dores de parto tiver dado à luz;
então o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel”. Estão em foco os
eleitos de Yaohu dentre todas as nações, que serão unidas aos israelitas salvos
no fim de nossa dispensação, completando a Igreja. Os profetas do A.T. apenas
vislumbravam o que o N.T. descreve com maior clareza.
Aquele que faz a vontade de Yaohu é irmão, irmã ou mãe de
Yaohushua (Mt 12,50); Yaohushua não se envergonha de chamá-los irmãos (Hb
2,11). A promessa se estende a todos quantos são chamados por Yaohu (At 2,39).
Que a Bíblia ensina um retorno literal dos judeus à
Palestina que pode ser identificado ou não ao contemporâneo movimento sionista,
parece claro, através de trechos como Jr 31,7-9 e Mq 5,7.8. Mas, quando
chegamos ao N.T., a palavra “remanescente” é usada especialmente em
relação aos judeus que, em cada geração, se vão convertendo a Yaohushua, até à
grande colheita final de Israelitas, nos dias da grande tribulação. Romanos
9,27-29 é passagem crucial dentro da teologia de remanescente. Só o
remanescente de Israel será salvo. Esses são a semente espiritual de
Abraão, em contraposição à sua descendência natural – aqueles que
são tão numerosos como as estrelas, em contraste com aqueles que são tão
numerosos como a areia dos mares. Portanto, é um erro equiparar a
moderna nação de Israel com o remanescente profetizado. Contudo,
apesar de esse remanescente visar especialmente aos judeus eleitos por Yaohu,
também estão em pauta os gentios eleitos (ver Rm 9,24.25: “... a quem
também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios...”). Isso
esclarece que a Igreja de Yaohushua, em seu estágio final, consistirá de judeus
e gentios eleitos, tal como se deu no começo do cristianismo,
fortalecendo a posição pós-tribulacional, que não concebe a Igreja gentílica
arrebatada antes da tribulação, somente após o que os judeus se voltariam para
Yaohushua. As promessas bíblicas, acerca do povo de Yaohu do fim, visam
igualmente a judeus e gentios, pois, em Yaohushua são eliminadas todas as
distinções que os separavam, formando-se um único corpo místico de Yaohushua.
(Ver João 17,22.23).
Romanos 11,4.5 é trecho que fala de um remanescente
escolhido de acordo com os propósitos da graça divina. A base histórica
disso é a experiência do profeta Elias, que foi relembrado, em um
período de grande apostasia em Israel, que havia ali muitos que não tinham
dobrado os joelhos diante de Baal. O ponto frisado pelo apóstolo foi que esses fiéis
do passado são paralelos ao remanescente da graça na dispensação atual.
A soberana eleição de Yaohu está em foco. Apesar de a maioria da nação de
Israel ter caído em apostasia, o remanescente permaneceu fiel ao ETERNO.
O mesmo sucederá no período escatológico do fim. Outro pensamento que se
salienta é que Yaohu jamais rejeita os seus escolhidos, pois a eleição para a
salvação não depende das realizações morais dos escolhidos, mas do beneplácito
de Yaohu. A ênfase recai sempre sobre a profundíssima misericórdia do ETERNO,
em todas as discussões sobe o remanescente!




EZEQUIEL: “Ezequiel”: um homem, sem dúvida,
desconcertante, de gênio tão variado, tão rico, tão complexo, que seu livro se
nos apresenta denso e difícil de percorrer. Todavia este livro dá testemunho de
um homem que viveu um dos momentos mais dramáticos da história de Israel e cuja
experiência espiritual é uma das mais aptas a esclarecer o destino do
povo de Yaohu. Não será, então, de particular atualidade?


O LIVRO DE EZEQUIEL

Sua estrutura se apresenta simples e lógica. Depois do
relato da vocação do profeta (1,1 – 3,21), vêm os oráculos que anunciam o
julgamento de Jerusalém (3,22 – 24,27), o castigo das nações (25 – 32) e a
restauração do povo aniquilado (33 – 37). O livro se completa nas vastas
perspectivas de um horizonte distante: aos olhos do leitor, desenrola-se
inicialmente a decisiva batalha do povo de Yaohu diante de terríveis inimigos
(38 – 39); depois se desenha a alta silhueta da montanha sobre a qual Ezequiel
vislumbra a capital futurista do povo de Yaohu renovado (40 – 48).
Mas, depois de ultrapassado esse esquema bastante lógico, o
livro espanta por certa liberdade que aparenta desordem. Assim, no interior do
cap. 34, em temas do pastor e do rebanho se desenvolvem em sentidos diversos
(inspirados, é verdade, em Jr 23,1-6), e o cap. 1 contém um acúmulo de
detalhes estranhos, aparentemente supérfluos – as rodas, por exemplo – ou então
acrescentados em detrimento da coerência gramatical.
Os discípulos de Ezequiel têm grande responsabilidade nessa
desordem. Aparentemente indiferentes a toda lógica, fragmentaram seus oráculos:
3,22-27; 4,4-8; 24,15-27 e 33,21.22 poderiam ser os membros dissociados de um
relato contínuo; ou então aproximaram indevidamente oráculos independentes,
unindo-os por um vínculo fictício: assim é que o termo de encadeamento “espada”
(cap. 21) serve de elo entre parágrafos alheios uns aos outros: a espada do
ETERNO (vv. 6-12), espada bem afiada (vv. 13-22), do rei da Babilônia (vv.
23-32), erguida contra os amonitas (vv. 33-37); esses discípulos chegaram a
repetir várias vezes os mesmos oráculos: as considerações sobre “os justos
caminhos do ETERNO” encontram-se – idênticos, ou quase – em 18,1-32 e 33,10-20.
O próprio Ezequiel não é totalmente estranho à atual
fisionomia de seu livro; foi ele o primeiro a sobrecarregar as frases com
detalhes, os capítulos com parágrafos, todos portadores de uma doutrina
capital, mas sem compromisso com a harmonia primitiva: assim aconteceu-lhe
completar os relatos das visões (1 – 3; 8 – 11) ou de certo gesto profético
(4,4-17) etc. Aliás, era o que desejava o seu gênio variado, instável, quase
doentio, por assim dizer. Não o vemos prostrado (3,15), mudo (3,26), talvez
paralisado (4,4-8)? Esse gênio não consegue defender-se da atração dos
extremos: é fulgurante e meticuloso, pronto para o sublime e para o vulgar;
deixa-se seduzir pelo peso do barroco, deixa-se levar pela embriaguez do
surrealismo (ver os poemas da águia: 17,1-10; do dragão: 32,1-8), e em seguida
encerra sua imaginação impetuosa e sua frase redundante nas frias distinções de
um casuísta (caps. 18 e 33), na monótona descrição de uma geografia de
computador (cap. 47 e 48), na seca enumeração de dados arquitetônicos (cap. 40
e 42) ou nos parágrafos cansativos de rubricas minuciosas (cap. 44; 46). É
ainda ele que se deixar guiar pelos marcos precisos da história – as alusões
históricas são numerosas no pano de fundo dos cap. 16 e 19, ou nos diversos
oráculos contra as nações – e que mostra familiaridade com riquezas
inesgotáveis, perspectivas fugidias e indefinidas da evocação mítica: o homem
primordial e o jardim do Éden (cap. 28), a árvore cósmica (cap. 31), as regiões
infernais (cap. 32).


O PROFETA EZEQUIEL

Ao longo
deste livro, cuja estrutura e estilo já esboçam a silhueta de alguém,
finalmente aparece um personagem, Ezequiel, o profeta.
Contemporâneo da queda de Jerusalém (587), às vezes dá a
impressão de ter começado sua pregação na capital palestina, antes de
continuá-la e de leva-la a termo entre os deportados, às margens do rio Kebar.
Assim se explicaria melhor, entre outras coisas, a minuciosa descrição de todos
os gestos idolátricos realizados no Templo (cap. 8). Mas o argumento parece
pouco convincente, e a maioria dos comentadores julga que toda a atividade
profética de Ezequiel se desenrola em terra babilônica, junto a uma cidade:
Tel-Abib; o profeta fora levado para lá antes da destruição de Jerusalém, por
ocasião das primeiras razzias palestinas de Nabucodonosor (598). São
registradas as datas de certos oráculos. A da visão inicial não é confiável
(1,1-2; cf. v. 1 nota), mas as outras são dignas de atenção. A visão dos
pecados de Jerusalém (8,1) é situada no sexto ano (do exílio do rei Ioiakin,
que é também o de Ezequiel), ou seja, em 592; oráculo da panela (24,1) é datado
do nono ano, ou seja, em 589, no mesmo dezembro em que se inicia o cerco a
Jerusalém; outros são situados no décimo ano, em 588, no tempo em que o faraó
do Egito se encontra em má situação (29,1); no décimo primeiro, em 587 (26,1),
no décimo segundo, ou seja, no início de 585 (33,21), no vigésimo quinto, em
573 (40,1), e por fim no vigésimo sétimo, em 571 (29,17).


A MENSAGEM DE EZEQUIEL

É, pois, na Babilônia que se desenvolveu a atividade
daquele que era até então um sacerdote e que conservou, até o fim da vida, sua
mentalidade de sacerdote perito em culto, liturgia, rubricas e sacristias
(caps. 40 – 48); é lá ainda que, de repente, tudo nele se transtorna.
Produzem-se dois acontecimentos: a irrupção da glória de Yaohu fez desse
sacerdote um profeta, e a queda de Jerusalém transforma o pregador de
condenação em pregador de salvação.


A irrupção da Glória. Eis, pois, que a partir de
certo dia, a vida de Ezequiel é como que invadida pela Glória do ETERNO.
Ela se mostra em várias ocasiões (1,28; 3,23; 8,4; 10,1; 43,2), deixando-o
todas as vezes atônico, extasiado (3,15).
Que vê ele? No meio de uma grande nuvem, precedido
pelo sopro da tempestade, um fogo em forma de redemoinho; e depois, seres
vivos. São quatro: eles voam, sustentam um firmamento sobre o qual aparece um
trono. Acima, há como que o aspecto de um homem, com uma claridade ao redor
dele... É o aspecto da Glória do ETERNO (1,4-28).
No fundo, o profeta está em vias de reviver, mas com gênio
diferente e noutro contexto, a visão de seu grande predecessor, Isaías. Ele
acaba de receber a revelação esmagadora da transcendência do ETERNO, da Glória
daquele que é o rei de toda a terra (Is 6,3). Este último ponto está ausente
da descrição inicial de Ezequiel, mas o profeta sugere sua verdade
acrescentando traços secundários, com o risco de obscurecer sua intuição
primordial. Assim se explica a longa descrição desses animais
fantásticos, tomados do bestiário mítico dos babilônios, que o profeta se
compraz em ver a serviço do ETERNO; ou ainda a presença, totalmente
supérflua, de rodas alucinantes que mostram a seu modo que a Glória é
onipotente em todos os lugares.
Esmagado por essa revelação, Ezequiel percebe
violentamente sua pequenez; em face da Glória, ele não passa de um
ínfimo e derrisório filho de homem, hesitante, atônito
(1,28; 2,2; 3,14-17.22-24); sobre ele, a mão do ETERNO (1,3;
3,22; 33,22; 37,1; 40,1) caiu (8,1) pesadamente (3,14); sobre
ele também, o Espírito do ETERNO – Rúkha – Yaohu – vem
(2,2; 3,24), cai (11,5), para arrebata-lo (3,12.14; 8,3;
11,1.24; 43,5).
Mas o profeta percebe a Glória que sai do Templo e se afasta
de Jerusalém (11,22.23). O ETERNO deixa Sião! Por quê? Como?
Ezequiel descobre no pecado de Israel o motivo de tão
dramática separação; o pecado de Israel é o mal endêmico do qual ele
procura entrever a gravidade, a extensão, a profundidade. O pecado é o ato de
violência, o crime em que o sangue é derramado (7,23; 9,9; 16,36; 18,10 etc.), que,
pelo menos uma vez, o profeta põe em pé de igualdade com a idolatria (36,18).
Pois o pecado capital é, para ele, a idolatria (14,1-8), que ele vê praticada
sobre toda colina, sob as árvores (6,3.6.13; 16,16; 20,28.29) e até no Templo
de Jerusalém (cap. 8). Encontra seus sinais na entrada do pórtico interior (vv.
3-6), no adro (vv. 7-13), no santuário do ETERNO (vv. 14.15), entre o vestíbulo
e o altar (v. 16). O pecado de Israel é também a imoralidade cotidiana;
Ezequiel a descreve inspirando-se nos formulários de confissão dos pecados, em
uso nos santuários (18,5-9; 22,3-12.23-30).
Ezequiel diz e repete que esse pecado é um horror, uma
abominação (5,9-11; 6,9; 16,22-52); é um gesto de infidelidade, um adultério,
um ato de prostituição. O profeta desenvolve este tema na alegria da menina
encontrada, adotada e depois desposada, que finalmente se transforma em
“prostituta despótica” (16,30); ele retoma depois na história das duas irmãs,
Oholá (Samaria) e Oholibá (Jerusalém),
esposas infiéis que se entregaram a uma insolente prostituição (cap. 23).
O profeta finalmente chega a descobrir a raiz da impudica
infidelidade à qual Jerusalém se abandona no orgulho. O pecado dos pagãos de
Sodoma (16,49-50), do rei de Tiro (28,2.5.17), do Egito (30,6.18) e seus faraós
(32,12; 35,13), é também o pecado de Israel (7,20.24; 33,28), esposa
envaidecida com sua beleza (16,15.56); é também o pecado do príncipe
(21,30-31).
Porventura, Jerusalém não tem um origem pagã, ela que
descende de pai emorita e de mãe hitita (16,3.45)? Sua corrupção, que se
manifesta ao longo de toda a sua história (cap. 20), é congênita (cap. 16), e a
permanência prolongada de Jacó-Israel no Egito – onde Yaohu com a mão erguida,
jurou, e disse: Eu sou YAOHU vosso Deus (20,5) – deveria ter as mais
funestas conseqüências: ela daria a Israel essa paixão pelos ídolos à qual
depois ninguém saberia renunciar (cap. 20).
É em meio a esse povo que Ezequiel é estabelecido
profeta, com a missão de proclamar a palavra de Yaohu. Ainda que esta palavra
penetre nele como um alimento e o encha de doçura (3,2.3), o filho de Buzi deve
esperar encontrar em seu caminho sofrimentos e espinhos toda vez que ele
clamar: Assim fala o ETERNO – Yaohu – Deus (3,11); mas não
deve desistir, pois o essencial é, no fim das contas, que os deportados, por
mais rebeldes que sejam, saibam que há um profeta no meio deles (2,5).
Ezequiel será uma “sentinela a serviço de Israel”. Deverá
dizer ao perverso: “Vais morrer”, a fim de que o mau abandone a
sua má conduta e viva; deverá admoestar o justo para que não
peque, a fim de permanecer em vida (3,16-21); pois, ao contrário do adágio
que se costuma repetir em Israel, ele afirma: Quem pecar, esse morrerá, o filho
não arcará com a iniqüidade do pai, nem o pai com a iniqüidade do filho
(18,4-20).
Todavia, se Ezequiel deixar de admoestar o malvado, terá de
prestar contas do sangue do mau que houver perecido por falta de admoestação
oportuna (3,18). Esta hipótese não é gratuita; nessa época, não faltavam
pretensos profetas, que seguiam sua própria inspiração sem jamais ter tido
visão. São semelhantes a pedreiros que se contentam com rebocar um muro
rachado, com o risco de deixar ruir todo o conjunto. Tais são os profetas
que publicam uma mensagem de paz sem se preocupar em curar o pecado (cap. 13). [está
acontecendo hoje nos cultos...!]. A.


A queda de Jerusalém. O pecado não pode deixar de
conduzir o povo a um julgamento inelutável e terrível; o profeta vê sua
realização bem próxima e se obstina a anuncia-lo incansavelmente, por palavras
(caps. 7; 9 – 11) e atos (caps. 4 – 5). Até aquela triste manhã, em que alguém
se apresenta para lhe declarar a desgraça que aconteceu: Jerusalém foi
tomada, destruída, incendiada; os sobreviventes partem para o exílio.
Foi este o segundo acontecimento capital na vida de
Ezequiel. Instigado a não deixar transparecer seu pesar (24,15-27), deve ter
sentido uma dor pelo menos igual à de seus companheiros de deportação. Com
efeito, o sofrimento e o desespero deles foram tais que chegaram a dizer: Estão
sobre nós as nossas revoltas e os nossos pecados, e apodrecemos por causa
deles! Como poderemos viver? (33,10). Ou ainda: Os nossos ossos estão
ressequidos, pereceu a nossa esperança, estamos esfacelados (37,11).
Então Ezequiel reagiu; pôs-se a anunciar o castigo para as
nações cujos sarcasmos intensificavam a dor dos vencidos. Israel não será o
único a sofrer o julgamento. Sem dúvida, o profeta outrora entrevia que povos
de fala impenetrável e de língua enrolada (3,6) o teriam escutado melhor do que
a casa de Israel; contudo, esses povos agora são convocados ao tribunal de
Yaohu (25 – 32). O Egito é o principal acusado (cap. 29 – 32), ele que provocou
a traição de Sedecias (17,15), infiel às suas alianças (17,19). Tiro deve
compadecer por ter tido intenções injuriosas contra Jerusalém. Oprimida pelos
exércitos inimigos (26,2), e depois também os países vizinhos da Palestina:
Amon, Moab, Edom e os filisteus, todos culpáveis de comportamento odioso com
relação ao povo aniquilado (cap. 25).
Mas eis que o profeta, arauto trágico, reduzido até aqui ao
anúncio de uma desgraça inelutável, transforma-se em pregador de salvação. Já
os seus oráculos anteriores não haviam excluído todo motivo de conforto. O tema
do “Resto” aparece em algumas passagens; sua evocação é rápida, tão rápida,
aliás, que se pode ver aí o resultado de algum acréscimo secundário; assim os
vv. 5,1.2 são explicados aos vv. 12 e 13, ao passo que os vv. 5,3.4, que,
ademais, comprometem a lógica do cálculo profético, não recebem nenhum
comentário. Contudo, o tema é claramente atestado no cap. 9; aí vem à tona a
execução dos habitantes de Jerusalém, precedida por um gesto de seleção que põe
à parte os homens que gemem e se lamentam por causa de todas as abominações que
se cometem no meio de Jerusalém (9,4).
Haverá, portanto, um “Resto” (ver 6,8-10; 9,4-8;
11,13; 12,16; 14,22.23), mais irrisório, tão frágil (11,13), reduzido talvez
aos cadáveres amontoados em Jerusalém (11,7), que sua evocação não pode impedir
os exilados de perder sua débil esperança. Então o profeta, sentinela atenta,
se posta na brecha. Os mortos viverão, proclama ele; e aí temos o maravilhoso
afresco dos ossos ressequidos e revigorados (37,1-14); por mais diminuído e
aniquilado que esteja Israel, ainda que fosse semelhante a um ossário
abandonado pela vida, o ETERNO saberá faze-lo reviver ao sopro impetuoso de seu
Rúkha – Espírito.
Um povo que voltou à vida, mas a uma vida totalmente
diferente da anterior, tal será o Israel resgatado do exílio. Porque, diz o
ETERNO: eu vos tomarei de entre as nações, vos reunirei de todas as terras e
vos levarei ao vosso solo. Farei sobre vós uma aspersão de água pura e ficareis
puros: eu vos purificarei de todas as vossas impurezas e de todos os vossos ídolos.
Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo; tirarei de vosso
corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Infundirei em vós o
meu Rúkha e vos farei caminhar segundo as minhas leis, guardar e
praticar os meus costumes. Habitareis a terra que dei a vossos pais; sereis
para mim um povo, e eu serei para vós Deus – Yaohu (36,24-28).
Essa vida ideal se realizará num reino reunificado
(37,15-28), onde o povo não será mais entregue às prevaricações dos chefes
indignos (34,1-10); ele será guiado pelo cajado do ETERNO, tornando-se ele
mesmo o pastor de seu povo (34,11-16); quanto ao descendente de David, ele será
simplesmente um príncipe no meio deles (34,24).


Perspectivas finais. No fim de sua carreira
profética, Ezequiel se aplica a mostrar o caminho do Israel renovado.
Inicialmente ele vê o povo conseguir, no fim dos anos (38,8), a vitória que o
livra de todos os seus inimigos. O povo os enfrentou num combate colossal,
reencontrando todos os seus adversários de todos os tempos, por trás da face
belicosa de seu campeão, Gog, da terra de Magog, grande príncipe de Méshek e de
Tubal. Ele os enfrenta e a todos destrói; com seus armamentos terrificantes ele
faz um fogo de alegria; abandona inúmeros mortos deles à rapacidade dos abutres
e ao cuidado dos coveiros, por sete meses interminavelmente ocupados em
enterrar os corpos dos vencidos (cap. 38 e 39).
Por fim, Ezequiel imagina Israel vitoriosa já instalado numa
Palestina também renovada. Vê a terra matematicamente partilhada em zonas que
limitam as fronteiras com absoluto rigor (cap.47; 48); ele a vê banhada com a
água maravilhosa, que jorra do Templo (cap. 47). Será o lugar privilegiado
onde, conforme todas as suas regras (caps. 40; 46), desenrolar-se-á o culto que
celebra a Glória do ETERNO que voltou ao santuário (43,1-12). Pois, de agora em
diante, o Templo será o centro da vida do povo, o coração de um mistério que o
profeta faz entrever em uma só expressão: O ETERNO está aí (48,35).



VAMOS AS
PRINCIPAIS PERSONAGENS DE EZEQUIEL:


EZEQUIEL
Pontos fortes e êxitos:
Foi treinado para ser um sacerdote, e chamado por
Yaohu para ser um profeta.
Recebeu visões vividas e transmitiu mensagens poderosas.
Serviu como mensageiro de Yaohu durante o exílio de Israel
na Babilônia.
Tornou-se um homem firme e corajoso, atingindo, com sua
mensagem, as pessoas mais rebeldes (Ez 3,8).


Lições de vida:
Mesmo os repetidos fracassos de seu povo não
impedirão que o plano de Yaohu para o mundo se cumpra.
A resposta de cada pessoa a Yaohu determinará o seu
destino eterno.
Yaohu escolhe pessoas através das quais pode trabalhar mesmo
em situações aparentemente desesperadoras.


Informações essenciais:
Local: Babilônia.
Ocupação: Profeta para os exilados na Babilônia.
Familiares: Pai – Buzi; esposa – seu nome não é citado.
Contemporâneos: Joaquim, Jeremias, Jeoaquim e Nabucodonosor.



Versículos-chave: “Disse-me mais: Filho do
homem, coloca no coração todas as minhas palavras que te hei de dizer e ouve-as
com os teus ouvidos. Eia, pois, vai aos filhos do teu povo, e lhes falarás, e
lhes dirás: Assim diz o ETERNO YAOHU, quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez
3,10.11).



A história de Ezequiel é encontrada no livro que tem seu
nome e em 2 Reis 24,10-17.

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